Contribuições dos Fisiocratas para a Ciência Econômica
Observando as diversas contribuições da
Escola fisiocrática, pode-se facilmente fazer uma divisão entre as
contribuições gerais e as contribuições individuais, relacionadas aos autores especificamente.
É dessa forma que será feita a divisão desta pesquisa, para fins de melhor
entendimento.
A primeira contribuição dos fisiocratas,
sem dúvida, foi a de sedimentar os fundamentos da Economia enquanto ciência. Ao
tentar formular suas análises com base nos preceitos da física mecânica, estes
conseguiram criar um método próprio para “(...) examinar toda a sociedade e
analisar as leis que governavam a circulação de riqueza e bens.” (BRUE, 2005,
p. 37), o que conferiu a eles o título de primeira “escola” econômica (HUGON,
1980, 99).
Outra contribuição da fisiocracia diz
respeito a análise e aplicação dos impostos. Considerando sua defesa a taxação
de impostos sobre a agricultura, a escola sedimentou na época o que hoje é um
campo de estudo importante da microeconomia.
A ideia de produto líquido, originado na
escola fisiocrática ganha evidência na economia ecológica atualmente. Por
produto líquido, entenda-se lucro em produto real, produzido pela natureza em
colaboração ao homem. Assim, Schwarz (2009, p. 41) enfatiza que esta ideia é
pressuposto essencial para os axiomas da economia ecológica.
A economia é vista como um sistema aberto, embutido
na sociedade e no ambiente natural, que depende para o seu funcionamento e
evolução da existência não só de um quadro organizacional, como de fluxos
permanentes de materiais, de energia e de informação: matérias-primas,
combustíveis fósseis, água, ar, etc., são por ela capturados, depois
transformados em bens e serviços aptos a satisfazerem as necessidades humanas
e, por fim, devolvidos à origem na forma de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos. O processo obedece a princípios organizadores, a desígnios e
estratégias que são fixados pelo próprio homem.
Esta concepção da economia não tem nada de
original, não postula nada de radicalmente novo, do ponto de vista do
pensamento económico: basta, na realidade, lembrarmo-nos de que para os
economistas da escola clássica o factor «terra» fazia parte da tríade dos
argumentos da função macroeconómica de produção e também que aquele mesmo
factor participava da noção de «produto líquido» da agricultura, tal como a
enunciaram os economistas fisiocratas, que geralmente se considera a primeira
escola científica de economia.
Por fim, deve ser considerado também a
defesa do estado mínimo na economia proposta pelos fisiocratas. Essa ideia
trouxe à tona aos economistas até que ponto deve haver a intervenção estatal,
visto que no mercantilismo essa questão não era discutida. Assim, os
fisiocratas dão inicio há um debate que perdura até os dias de hoje (BRUE,
2005, p. 38).
Resta agora falar sobre as contribuições
individuais dos autores fisiocratas.
O Quadro econômico de Quesnay foi
importante para o surgimento do diagram de fluxo econômico bem como aos métodos
de análise da contabilidade nacional (BRUE, 2005, P. 37). Conforme Cechin e Veiga
(2010, p. 440) “Tal diagrama ilustra a relação fundamental entre a produção e o
consumo, e pretende mostrar como circulam produtos, insumos e dinheiro entre
empresas e famílias.”. Essa proposição esteve presente em Quesnay ao fazer o Table Economique, pois seu objetivo era
mostrar “o fluxo circular de bens e dinheiro em uma economia ideal e livremente
competitiva.” (BRUE, 2005, p. 38).
Por fim, em Turgot, há o nascedouro da Lei
dos Rendimentos Decrescentes. Anteriormente atribuída a Malthus e a Ricardo, já
há consenso de que estes a desenvolveram mas que a ideia inicial veio do
fisiocrata francês. Evidência disso está em seu exemplo da mola, citado por
Brue (2005, p. 44).
A
fertilidade da terra assemelha-se a uma mola que está sendo pressionada para baixo
pela adição de pesos sucessivos. Se o peso é pequeno e a mola não é muito
flexível, as primeiras tentativas não terão nenhum resultado, mas quando o peso
é o suficiente para superar a primeira resistência, ela se renderá à pressão.
Depois de se render um pouco, novamente a mola começará a resistir à força
extra colocada sobre ela, e os pesos que anteriormente teriam provocado uma
depressão de uma polegada ou mais quase não moverão a mola. Assim, portanto, o
efeito de pesos adicionais será gradualmente reduzido.
Bibliografia
utilizada
BRUE. Stanley. História do
Pensamento Econômico. São Paulo, Pioneira Thomson Learning, 2005.
CECHIN. Andrei Domingues; VEIGA, José Eli da. A economia ecológica
e evolucionária de Georgescu‑Roegen.
In: Revista de Economia Política,
vol. 30, nº 3 (119), pp. 438-454, julho-setembro/2010.
HUGON. Paul. História das
Doutrinas Econômicas. São Paulo, Atlas, 1980.
SCHWARZ. Henrique. Três axiomas da economia ecológica. In: Economia
Global e Gestão v.14 n.3 Lisboa dez. 2009. Disponível em < http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-74442009000300004>
. Acesso em 16/10/2014
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