Relatório de Leitura: O Alicerce da Autoridade Bíblica

BOICE, James Montgomery. O Alicerce da Autoridade Bíblica. 2ª Ed. São Paulo: Vida, 1989, 196 p. 

Introdução

O objetivo do livro organizado por James Montgomery Boice, denominado “O Alicerce da Autoridade Bíblica”, é demonstrar que este “alicerce” é a inerrância bíblica, sendo que esta alcança não só as matérias relaciondadas a salvação e a ética, mas também a questões científicas e históricas. Para tanto, o livro é dividido em 06 artigos, além de uma introdução. Ao final, encontra-se como apêndice a Declaração de Chicago sobre a inerrância da Bíblia, a qual expressa o posicionamento dos autores sobre o assunto

A introdução do livro é dada Francis A. Schaeffer, cujo título é “Deus dá ao seu povo uma segunda oportunidade”. Em dado momento histórico,  o autor mostra que o controle dos seminários pelos teólogos liberais causou a impregnação nas denominações tradicionais desta teologia. Nesse quadro, muitos abandonaram estas denominações (caso do autor do artigo) e outros resolveram se manter nelas, buscando recuperá-las. A divisão estava formada. Com esse título, porém, o autor quer dizer que há uma nova chance, um novo momento dado por Deus, em que os cristãos que defendem a inerrância bíblica possam se unir nessa confissão, deixando as diferenças denominacionais de lado.

Relatório de Leitura

O primeiro artigo de fato será o de John Gerstner, que abordará a doutrina da igreja sobre a inspiração bíblica. Fazendo uma abordagem histórica o autor demonstra como desde a igreja primitiva até a teologia reformada contemporânea, houve uma plena defesa da Bíblia inerrante em todas as esferas.

Já o segundo artigo propõe um confrontamento dos diversos conceito sobre a Escritura e o conceito de inerrância. Para tanto, o autor, James l. Packer, aborda cada um dos principais conceitos existentes, a saber: liberal, neo-ortodoxo e católico romano. Ao final, o autor faz algumas implicações que demonstram o significado, a implicação e a importância da confissão da inerrância bíblica para os nossos dias.

Demonstrar que a própria Bíblia dá testemunho sobre a sua inerrância é a proposta de Gleason L. Archer, em seu artigo que é o terceiro na ordem de apresentações no livro. Para o autor, o que torna a Bíblia um livro tão singular e isento de erros é o fato de que “o Espírito Santo exerceu uma influência orientadora  na preservação do texto original, conservando-o de erros sérios ou enganadores de qualquer tipo.” (p. 103).

R.C. Sproul dará continuidade ao livro falando sobre o conceito de Sola Scriptura. Ele demonstrará que este conceito estava associado intrisecamente a definição de inerrância, desde os tempos da reforma. Além disso, a inerrância falada não é aquela limitada as questões de fé e conduta somente, mas também a tudo o que a Escritura fala. Seja qual for o assunto, o autor defende que a Bíblia é isenta de erro e que, portanto, este conceito é essencial para a própria autoridade bíblica, bem como para o cristianismo de forma geral.

O próprio organizador do livro é que se propõe a escrever o quinto artigo da obra. John Montgomery Boice procura ressaltar a importância que o conceito de inerrância tem para a pregação fiel da palavra de Deus. Além disso, o autor demonstra que o declínio da pregação, principalmente do tipo expositiva, é devido a falta de ênfase e crença na inerrância da Bíblia e, consequentemente, na autoridade desta.

Por fim, o artigo de autoria de Kenneth S. Kantzer, cujo título é: “Os Evangélicos e a doutrina da inerrância”, traz algumas orientações a comunidade evangélica acerca de como deve ser abordado o conceito de inerrância, principalmente em relação aos possíveis conflitos resultantes de posições diversas.

Conclusão

A abordagem firme, mas amável de cada um dos artigos salta aos olhos do leitor. Em nenhum se deixa de defender a autoridade das Escrituras baseada na Inerrância da Bíblia. Tampouco, diminui-se a intensidade das afirmações de que a Escritura é verdadeira em tudo o que afirma. Entretanto, não há uma espécie de condenação por aqueles que não a defendem, mesmo ao considerar essa doutrina crucial para a fé cristã em nossos dias.

Além disso, o conteúdo dos artigos, mesmo que sejam de homens capacitados e envolvidos no ambiente acadêmico, são objetivos e claros até mesmo para aquele que não é um teólogo ou estudante de teologia. Dessa forma, a leitura serve não só para os estudantes da área, mas também para todo o cristão que almeja ler uma obra que enfatize a Sã Doutrina.

Portanto, a abordagem do livro nos ensina não só reforça nossa afirmação em torno da inerrância das Escrituras, fornecendo os argumentos necessários de maneira clara e consistente, mas também nos motiva a fazer isso de forma amável e consistente, sabendo que no Senhor, nenhum trabalho será em vão (1 Co. 15.58).