Quando caí para a Série B

O coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos. (Provérbios 16.9 - ACF)

Era 2007. Eu era o único baterista da Igreja Presbiteriana do Bairro Aviário. Os outros ficaram pelo caminho. Após 5 anos tocando, não havia mais erros gritantes: todas as músicas eram levadas de forma simples, mas bem marcadas. Eu estava absoluto. 

Veio 2008, e com ele algumas mudanças. O filho do então pastor da igreja veio de Belo Horizonte com uma forte carga musical, graças ao curso que fez de 2 anos lá. Um violonista e guitarrista de primeira! Porém, ele, um músico dessa estirpe, precisaria de alguém que estivesse pelo menos com um bom nível para tocar com ele. Eu não atendia tais requisitos.

A princípio, não vieram recados, avisos de que seria substituído. Mas aconteceu. Só depois de que estava tudo sacramentado foi que recebi a "decisão": Eu iria para um novo grupo, chamado de "Grupo B", que tocaria as quintas-feiras e na Escola Dominical pela manhã. Já o Grupo "A" tocaria sábado e domingo a noite.

Eu não tocava as quintas porque ninguém do louvor aparecia e não sabia tocar violão (era dia de estudo bíblico rsrs). Achei legal poder ajudar a dar uma "guinada" neste dia que sempre considerei importante, mas que a maioria da igreja desprestigiava (ainda desprestigia?)

Fiquei chateado pela forma como as coisas aconteceram. Pareceu uma decisão monocrática. E quem estava me substituindo não era um cara da igreja, mas sim alguém que só apareceu lá porque foi convidado para tocar. Entretanto, nunca pensei em fazer beicinho ou parar de ir ao louvor. Eu não ia desistir depois de tanto tempo.

Foi vendo o novo batera tocar que percebi porque havia sido rebaixado. Técnica impecável, "pegada", prática de rudimentos básicos, paradiddles, e outros exercícios. Referências de boas músicas até então desconhecidas por mim, ou que não dava nenhum crédito. Através dessas observações, percebi que poderia surfar na onda, e crescer neste período.

Durou um ano. A série B foi benéfica para mim. A partir do momento em que o filho do então pastor se foi para BH novamente, o baterista sumiu. Mas eu estava lá. Renovado, "reformado, com novos conceitos e mais adaptável que nunca ao estilo de música da igreja. Eu retornei absoluto.

Quando após 2009, tive um outro  colega para fazer escalas comigo na bateria, não me senti ameaçado em nenhum momento. Eu não apenas toquei, mas inseri os meus conceitos as músicas, dando as elas a minha cara. Para ele, que antes de 2007 havia se afastado e agora estava tentando retornar, é que seria difícil se encaixar, e não o contrário. Além disso, não havia mais comodismo. Somente sede de aprender cada vez mais.

Hoje vejo como Deus usou o meu rebaixamento para o meu crescimento enquanto baterista. Aquilo que parecia certo era errado. E o que eu achava que aconteceu de forma errada, Deus usou para o meu bem. Louvado seja Deus pela Sua Soberania!

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