Resumo Fichamento - Bloco de Leitura nº 01
Bibliografia Utilizada – Bloco nº
01:
REGO, José Márcio; MARQUES, Rosa Maria (Orgs.) Economia
brasileira 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Capítulo
03: A Economia Cafeeira – págs. 32-45
GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira contemporânea.
6 ed. São Paulo: Atlas, 2007. Capítulo
13: Economia Agroexportadora – págs. 344 – 362.
1.
A Economia Brasileira até 1930 se caracterizou por ser a do
tipo agroexportadora, onde as exportações de produtos agrícolas desempenhavam
um papel indispensável. Porém, Isso tornava a Economia dependente das
flutuações do mercado internacional o que a deixava com características de
vulnerabilidade.
2.
Dentre os ciclos da Economia Brasileira até 1930, o último e
mais incisivo foi o ciclo do café. Nesta economia, a relação entre comerciante
e fazendeiro era fundamental pois este dependia daquele: “a) realizar seus
lucros com a venda do produto e; b) obter os recursos financeiros necessários à
produção (REGO p. 32)”. Além disso, “a função de comercialização era
extremamente especializada [...] (ibid – p.33).”
3.
Em uma economia agroexportadora, o setor exportador possui
rentabilidade bastante elevada, principalmente se comparado com os demais
setores. Segundo GREMAUD isto faz com que “exista uma elevada concentração de
recursos naturais e de capital no setor, o que é à base da explicação para a
elevada desigualdade na distribuição da renda desse modelo de desenvolvimento
econômico. (p. 345-346).”
4.
Enquanto que a pauta das exportações da economia brasileira
era fortemente concentrada em um produto – o café, a pauta de importações era,
segundo GREMAUD “bastante diversificada, abrangendo produtos manufaturados e
correspondendo à estrutura de consumo da economia brasileira (p. 347).” Esse
elemento ajuda a explicar a vulnerabilidade da economia agroexportadora
brasileira.
5.
As oscilações nos preços do café devem-se as condições de
demanda e oferta. No primeiro caso, ocorre que o preço do café estava sujeitos
aos ciclos do mercado internacional: uma crise em determinado mercado
consumidor geraria diminuição de demanda e conseqüentemente queda no preço do
café. No segundo caso há incidentes relacionados à diminuição da oferta devido às
pragas e geadas, o que forçaria o preço do café para cima.
6.
Para deter a queda de preços do café no mercado
internacional procurou-se usar uma política de desvalorização cambial. Essa
política, porém trazia outros dois problemas: escondia o sinal dado pelo
mercado de excesso de oferta dado pelo mercado internacional, gerando
superprodução; e encarecia todos os produtos importados para a economia
brasileira, ocasionando inflação. Segundo GREMAUD, este último problema foi o
que Celso Furtado chamou de socialização das perdas, pois “espalhavam-se por
toda a sociedade as perdas que deveriam ficar restritas ao setor cafeeiro (p.
355).”
7.
Outro mecanismo para queda dos preços do café foi a
implementação de uma política de valorização do café, que consistia na retenção
de parte da oferta de café na forma de estoques. Para financiar a estocagem,
recorreu-se ao financiamento externo; e para poder utilizar os estoques foi usado
uma política de preços mínimos no período de safra e uma política de estoques
reguladores na entressafra. Contudo, o café não era um produto em que havia
propriamente uma oscilação de preços entre a safra e a entressafra. Além disso,
GREMAUD salienta outros dois problemas: “a) a política acentuava a tendência à
superprodução dessa economia, pois também escondia os sinais de mercado; b) O
problema no mercado de café era ainda agravado pelo fato de outros países
também serem indiretamente incentivados a plantar café [...] (p. 357)”.
8.
Tanto a política de desvalorização cambial como a política
de valorização do café levaram a uma superprodução que, associada com uma crise
mundial das mais graves que já aconteceram, trouxe sérios prejuízos a economia
brasileira.
9.
O sistema de financiamento da economia cafeeira era informal
e proporcionava vantagens tanto ao fazendeiro – que contava com acesso rápido a
um crédito com juros razoáveis e flexibilidade no pagamento, quanto ao
comissário - que assegurava para si a colheita do fazendeiro, podendo obter
lucros com a venda desta. Contudo, segundo REGO “A introdução do trabalho livre
nas fazendas paulistas desencadeou um mecanismo expansionista sem precedentes
na lavoura e, como conseqüência, revelou-se mais claramente a influência do
sistema de financiamento no comissário. (p. 41)”
10.
Existem duas teorias que tentam explicar o surgimento da
industrialização brasileira: A primeira é a teoria dos choques adversos, a qual
defende que a indústria no Brasil surgiu como resposta ás dificuldades de
importar produtos industriais em determinados períodos. Já a segunda é a teoria
da Industrialização induzida por exportações, que afirma o surgimento
industrial dado no período de crescimento das exportações de café. Sintetizando
estas duas teorias concluí-se que o período de crescimento das exportações
proporcionou o investimento industrial, enquanto que os momentos de crise
aumentaram a produção das indústrias brasileiras. Por fim, deve-se afirmar que
as origens das indústrias não estão relacionadas à crise do café, pois foi o
próprio complexo cafeeiro que ofereceu condições para o surgimento industrial.
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