Conversas com meu amigo João
Estou de
volta.
E Para
Começar 2013 resolvi colocar alguns debates que tive via email e facebook com
alguns colegas meus. Obviamente, seus nomes não serão publicados, mas colocarei
todos sob um mesmo pseudônimo. JOÃO
Por que
João?
Por causa,
do meu pai, que toda vez que não lembra o nome de alguém o chama de João. Além
disso, João é um nome bem genérico, o que não dará pistas sobre as pessoas com
as quais conversei.
E Para
começar nada melhor do que uma conversa sobre um assunto controverso: O dízimo.
Essa
conversa eu tive com meu amigo João em Setembro de 2011.
João: oi meu irmão, leste no blog Xxxxxxxxxxxxxxx* a postagem
sobre o dizimo? numa visão não eclesiológica sem os óculos do institucionalismo
religioso, não é fato que em toda bíblia o dizimo sempre foi uma contribuição
feita exclusivamente de alimentos e produtos animais(mesmo havendo naquela
época o uso de dinheiro)? não é estranho os evangelhos e as cartas só
enfatizarem a contribuição denominada oferta ( aonde se dá o que se quer dá) e
não citarem o dizimo, a não ser na passagem em que Jesus exorta os Fariseus?
*O nome do blog foi omitido
por se tratar do blog do meu amigo
Eu: Ola irmão,
Seus
questionamentos me chamaram muito atenção. Tanto é que começei a pesquisar
sobre o assunto.
Primeiramente, peguei as suas perguntas
e montei respostas com base em um artigo encontrado no www.monergismo.com.
Aí vai:
Numa visão não eclesiológica sem os óculos do institucionalismo
religioso, não é fato que em toda bíblia o dizimo sempre foi uma contribuição
feita exclusivamente de alimentos e produtos animais(mesmo havendo naquela
época o uso de dinheiro)?
“Quando Jesus estava na terra, e a nova aliança ainda não tinha sido
estabelecida, ele abençoou os fariseus por seus dízimos. Eles dizimavam a
hortelã e o cominho, o que significa que eles dizimavam até as menores coisas. A
maioria dos dízimos no Antigo Testamento era paga com bens da agricultura
ou do rebanho – era uma sociedade agrária. Mas os fariseus eram tão
escrupulosos a respeito de dar os dez por cento a Deus que, se plantavam um
pouco de salsa no quintal, eles dizimavam isso também. É como se você achasse
dez centavos no chão e fizesse questão de entregar um centavo a Deus. Jesus
disse que esses homens eram tão escrupulosos que pagavam até o último centavo,
e Jesus os cumprimentou por isso (Lc 11.42).”(R.C. Sproul – grifo meu
Não é estranho os evangelhos e as cartas só enfatizarem a contribuição
denominada oferta (aonde se dá o que se quer dá) e não citarem o dizimo, a não
ser na passagem em que Jesus exorta os Fariseus?
“Embora isso fosse parte da lei do pacto de Israel no Antigo Testamento,
não creio que tudo que Deus exige de seu povo no Antigo Testamento esteja
cancelado se o Novo Testamento silencia a respeito. Eu diria que se o dízimo
foi cancelado deveríamos ter um ensino explícito no Novo Testamento afirmando
que o dízimo não está mais em vigor. O dízimo era uma responsabilidade
central na economia da velha aliança, e teria sido transportado, principalmente
quando entendemos que a comunidade da nova aliança foi estabelecida
principalmente entre judeus, que continuariam a praticá-lo, a não ser que lhes
dissessem que o dizimo não era mais necessário. Eu diria que na ausência de uma
palavra de repúdio, o dízimo continua válido no Novo Testamento.” (R.C. Sproul
– grifo meu)
Fonte: Boa Pergunta(São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999), R. C.
Sproul, p. 285-286.
Abraços,
Valter
Abraços,
Valter
João:
irmão,
primeiro, o fato dos fariseus darem dízimos e Jesus não condenar essa pratica,
não gera nenhuma obrigação aos cristãos dizimarem, é notório que Jesus sempre
cumpriu e nunca condenou nenhum artigo da lei, inclusive o que ordenava
apedrejar adúlteros, isso por que Ele era judeu e como tau deveria zelar pela
lei, fazia parte de sua missão ser não só um homem perfeito, mais também um
judeu perfeito.
Segundo, é
em atos e nas cartas que encontramos a ruptora entre o cristianismo e o
judaísmo, os apóstolos muito oraram e entenderam que o cristão não é judeu, não
existe lei para o cristão, ele vive pela
graça em fé. todo contexto cristão sobre contribuição é único e exclusivamente
relacionado a oferta! o que passa disso é fruto de um esforço de uma contextualização
muito mal feita.
terceiro,
se analisarmos o dizimo veremos que ele só se encacha na cultura e na sociedade
judia (pelo menos se seguirmos o dizimo 100% biblico), pois sua finalidade era
alimentar e vestir os sacerdotes, pois
eles não tinham terra para trabalharem. hoje quantos irmãos na igreja são
produtores ou agricultores? nenhum, ou seja como serão dizimistas se o dízimos
era para produtores? transformemos então o dizimo em dinheiro? não é isso que a
bíblia ensina. a saída é só uma ofertar!
querido,
grato pela seu email, acredito que é através do debate dialético que nasce o
conhecimento, estou aberto a refutação, nem de longe sou dono da verdade.
Deus te
abençoe grandemente.
João.
Eu: Os dois primeiros argumentos se resumem a uma
única questão: a Lei de Deus. Precisamos estar atentos ao que seria a Lei Cerimonial
– a qual Jesus veio abolir. Isto não quer dizer que “não existe lei para o
Cristão”, mas que os cerimoniais dado ao povo de Israel foram abolidos em
Cristo.
Essa sua pressuposição de “não condenar essa pratica, não gera nenhuma
obrigação aos cristãos dizimarem” pode nos levar a um raciocínio perigoso.
Veja, por exemplo, esta argumentação em um debate no www.olharreformado.com:
“Premissa 1: O Novo Testamento não condena a BESTIALIDADE (Sexo entre
homens e animais)
Premissa 2: Devemos considerar apenas os mandamentos do VT que tiverem
respaldo no NT;
CONCLUSÃO: A Bestialidade é Lícita no NOVO TESTAMENTO!!!!
Por favor meu irmão... tanto o irmão, quanto eu, sabemos que este tipo
de raciocínio pode levar a criação de diversas heresias, sem falar na SEPARAÇÃO
GROTESCA da Palavra de Deus, que nem o próprio JESUS fez: "Não penseis que
vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogar, mas cumprir! (Mt: 5.17)”.
Já
com relação ao terceiro argumento utilizado, Primeiramente,
leia Números 35:1-8 e Josué capítulo 21. Os levitas, cuja herança era o SENHOR
possuíam algumas cidades para criação do seu gado. Logo eles possuíam animais.
Segundo, o fato de os Israelitas serem produtores e agricultores não
quer dizer que o dízimo tenha que ser necessariamente em animais ou produtos
agrícolas. Como R.C. Sproul disse, a sociedade era agrária. A idéia é “Honrar
ao SENHOR com seus bens e com as primícias de toda a tua renda” (Pv. 3.9). Num
sistema capitalista como o nosso a minha renda é dinheiro. Acaso, teria eu que
tirar 10% de minha lente orgânica transitions para dizimar? Ou 10% do meu
sapato nº 44? Como diria o Filósofo Alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) “Só
o Dinheiro é o Bem Absoluto”. Na nossa sociedade hoje, ele é o bem que recebo,
logo, é só através dele é que eu posso dizimar. (Se um dinheiro é um bem ou
não, não dá uma boa discussão na parte de economia?). Se for assim, Louvor 100%
Bíblico é o que tem Trombeta, Saltério e Harpa? (Sl 150). E a minha bateria,
como é que fica rapaz? (rsrsrs) Vou ter que tocar em tambor feito de coro de
animais? (rsrsrsr)
Terceiro, sobre a
questão do dízimo para sustento dos sacerdotes observe este comentário do mesmo
site:.
“Outra vez devo concordar com o irmão e acrescentar que (Principalmente
no Livro de Levítico) as OFERTAS VOLUNTÁRIAS eram destinadas aos ritos
cerimoniais que, tanto o irmão como eu sabemos, foram ABOLIDOS em Cristo!
Agora, quanto ao sustento eclesiástico dos levitas (e não do governo, já que o
dízimo para sustentar a "Máquina estatal" só começou a ser validado
depois da instituição da Monarquia israelita - 1 Sm: 8.17), a ESCRITURA afirma:
Lev 27:30-32 ‘Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer
do fruto das árvores,>> pertencem ao senhor<<; santos são ao
Senhor. Se alguém quiser remir uma parte dos seus dízimos, acrescentar-lhe-á a
quinta parte. Quanto a todo dízimo do gado e do rebanho, de tudo o que passar
debaixo da vara, esse dízimo será santo ao Senhor.’”
Concluindo, parece
que o irmão tem uma influência dispensacionalista. Estaria eu certo?
Observe o debate
sobre o dizimo no
http://www.olharreformado.com/2011/01/dizimos-e-ofertas-novo-testamento.html
É muito bom debater com você.
Abraços,
Valter
Comentários
Postar um comentário