Só os loucos sabem!
Texto: 1 Coríntios 1.18-25
Apresentação
Estou no terceiro ano de
faculdade e, neste tempo em que estou lá, aprendi uma coisa: Evite questionar.
Isso mesmo! Muitos professores (não todos) se sentem ofendidos a críticas
relacionadas a assuntos que eles ministram. O que eles querem é que você ouça,
aprenda e demonstre. Mais que isso é “heresia”.
Dessa forma, se existe um ambiente
em que me sinto mais a vontade para pensar, este é, sem dúvida, a igreja. Neste
ambiente que frequento desde a minha infância todas as pessoas que estiveram
(pastores, liderança e outros irmãos muitos especiais) me incentivaram a
PENSAR. Ler, conhecer, estudar, ouvir, falar, cantar, sentir, experimentar,
crer e ser. Também me ensinaram que não tinha que “fugir” da dúvida, pois ela é
algo nem bom e nem ruim. Ela acontece, pois é resultado da minha natureza
pecaminosa que me afasta do conhecimento de Deus.
Portanto, quando rotulam os
cristãos de bitolados, ignorantes e ingênuos eu me sinto incomodado, porque
isso não parece nada com o que aprendi. Contudo, parece que Paulo demonstra ser
esta uma atitude normal de quem não crê. Isso porque no texto acima, Paulo fala
que a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, além de escândalo para
os judeus. Mas porque ela é loucura para os que se perdem? Por que ela é
escândalo para os judeus? Por que Paulo usa a expressão “palavra da cruz”? O
que ela siginifica? Essas questões nos levam a esta mensagem. Contudo,
primeiramente temos que observar porque Paulo falou estas palavras a igreja de
Corinto.
Introdução
Corinto
era uma importante cidade do império romano. Litorânea, era um ponto de
passagem de pessoas e mercadorias. Logo, era uma cidade multicultural, cheia de
pessoas de várias partes do mundo, com seus pensamentos, hábitos e religiões. É
nesse cenário que Paulo funda uma Igreja neste local, formada por “gentios”.
Logo, essa igreja também era formada pelos mais variados tipos de pessoas.
Essa Carta foi escrita por Paulo
estando há 3 anos longe da igreja de Corinto. As notícias que o apóstolo
recebia não eram boas. Problemas como divisões internas, perversão sexual, mau
uso dos dons espirituais, falta de reverência na prática do culto e dos
sacramentos como a santa ceia, fizeram com que Paulo exortasse aqueles irmãos para
que estes pudessem se corrigir.
O capítulo 1 se dedica a falar
sobre o problema de divisões internas que havia nela: “Pois a vosso respeito meus irmãos, fui informado, pelos da casa de
Cloe, de que há contendas entre vós.” (v.11). O curioso é que esta divisão
consistia em dizer “Eu sou de Paulo, e
eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.” (v. 12). Portanto, não foi
nenhum líder que provocou esta divisão, mas a própria igreja assim quis se
dividir. Para corrigir este problema Paulo faz questão de enfatizar que toda a
igreja deve estar unida em Cristo (v. 13) e também menciona o fato de que ele é
somente um enviado “de Cristo para pregar
o evangelho, não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de
Cristo”. (v.17). Desta forma, o apóstolo irá procurar nos próximos
versículos, expor aos Coríntios em que consiste o evangelho (ou a palavra da
cruz), de forma a levá-los a compreensão de que pessoas como ele e Apolo são
apenas servos por meio dos quais eles creram. (I Co. 3.7).
Feito isso, podemos agora
perguntar: o que é a palavra da Cruz?
I. A palavra da Cruz é loucura
Paulo vai falar sobre os gregos e de
sua busca por sabedoria (v. 22 e 24). Por que os gregos? Sabemos que ele vai
fundar a igreja de Corinto após seu discurso no areópago em Atenas (Atos 17.
16-34). Nesse discurso, Paulo discorre sobre o Deus desconhecido que fez o céu
e a terra, pelo qual todos se movem, vivem e existem. Este Deus fez toda a raça
humana de um só homem, fixando os tempos previamente estabelecidos e os limites
da sua habitação. Logo, o homem é geração e, assim, Deus não poderia ser algo
gerado do homem, como os objetos de ouro e prata que os atenienses faziam.
Mediante este erro que cometeram, esse Deus resolveu abrir mão disso e
solicitar aos homens que se arrependam destes pecados, para que possam ser
salvos mediante Jesus Cristo, o varão que Deus ressuscitou dentre os mortos.
Neste momento, o discurso de Paulo
foi interrompido. “Ressureição dos mortos? Como alguém pode reviver depois de
morrer?” É neste ponto, que o discurso de Paulo, o qual já estava soando muito
estranho para os atenienses, vira motivo de piada.
Nos dias de hoje não é muito
diferente. A palavra da cruz é vista como loucura. É loucura acreditar num Ser infinito,
perfeito e insondável que fez todas as coisas para a sua glória. É loucura
acreditar que este Deus criou um ser a sua imagem e semelhança para cuidar
daquilo que ele criou. É loucura acreditar que este ser tenha se rebelado de
Deus e por sua desobediência e pecado, seja impossível voltar ao seu criador
novamente. Mas o que é mais loucura ainda é acreditar que este Deus resolveu
abrir mão da sua ira para com este ser, e colocar o seu único filho como um
sacrifício substituto. Contudo, maior loucura é acreditar que este Filho de
Deus tenha ressucitado após 3 (três) dias de sua morte e que tenha falado,
conversado e se alegrado com seus discípulos.
Os gregos acreditavam nos
poderosos deuses e semi-deuses que só importavam com eles mesmos. Como
acreditar que existiria somente um Deus, e que este se importava com um povo
que o rejeitara, importância tal que resolveu dar seu filho como um sacrifício
vivo? E por que este Filho de Deus teve que ressucitar?
O que é loucura para os gregos,
também é loucura para muitos hoje em dia.
II. A palavra da cruz é um escândalo
Para
dizer que a palavra da cruz é um escândalo, Paulo se direciona aos Judeus. Mas
porque para os Judeus o evangelho é ume escândalo? Os judeus esperavam um rei,
um herói, um libertador, que lideraria o povo de Deus e o colocaria no seu
devido lugar. Mas quando ouviram falar de um homem pobre da galiléia, que
falava com autoridade, fazia curas e sinais, não tinha boa aparência, e que
ensinava a “servir”, “carregar a sua cruz”, “nascer de novo”, “amar o próximo como
a si mesmo”, estranharam. “Este não é o Cristo. Não pode ser”.
Mas o escândalo da palavra da cruz
está além. Na verdade, o clímax deste está no fato de Deus ter elaborado um
plano de salvação com base em um ASSASSINATO. Para resgatar, libertar e salvar a
muitos, Deus resolveu assassinar/sacrificar/matar seu próprio filho. “Por que
Deus agiu dessa forma? Não, essa não é a função do Messias”, poderiam pensar os
judeus. E, para aumentar o escândalo disseram que a culpa pelo sangue deste
Messias é dos próprios judeus. Não, aí já é demais.
Porém, se eu chegar para alguma
pessoa nos dias de hoje e dizer que a causa pelo qual Jesus morreu foi a nossa
absolvição, estarei a ofendendo. “Quer
dizer que a culpa dele ter morrido é minha? Por quê? Eu não fiz nada! Aliás, eu
sou uma boa pessoa. Ajudo o meu próximo, pago os meus impostos, trabalho
honestamente, estudo pra valer. Qual é a minha culpa?”
Assim, como a palavra da cruz é
loucura, ela também é escândalo nos dias de hoje.
III. A palavra da cruz é Poder e Sabedoria de Deus
Neste
texto, Paulo faz uma antítese entre a Loucura e a Sabedoria, entre o Escândalo
e o Poder. O que para muitos é
loucura e escândalo, para os que creem é simplesmente poder de Deus. Ele
demonstra seu poder criando o universo para a sua glória; criando um ser a sua
imagem e semelhança; dando a este ser o castigo de sua desobediência; e,
finalmente, elaborando um plano para retirar este castigo sobre alguns destes
seres, comprovando a sua maravilhosa graça, dando a vida de seu filho em favor
Deles. Por isso, Paulo faz antítese escândalo-poder. Os judeus simplesmente não
compreendiam que Deus agia como e quando queria para a glória do seu nome. “Não provém o vosso erro de não conhecerdes
as Escrituras, nem o poder de Deus?” (Marcos 12.24)
A palavra da cruz não é nada mais
do que demonstração do poder de Deus. Ela não é resultado de astúcias humanas, mas
do infinito poder infinito.
A palavra da Cruz também é
demonstração da Sabedoria de Deus. Por quê? Simplesmente, porque Ele resolveu
fazer um plano de salvação conforme a sua vontade. O versículo 21 diz: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo
não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem
pela loucura da pregação.”. Como o homem está morto em seus delitos e pecados,
não podendo se voltar para Deus, Ele então resolveu fazer um plano onde
salvaria aqueles que cressem na loucura da pregação. Aqueles que não crerem a
chamarão de loucura e achariam um escândalo, mas aqueles que cressem
(independente de ser judeu ou grego) a considerariam poder e sabedoria de Deus.
Conclusão:
O versículo 25 encerra muito bem
essa mensagem: “Porque a loucura de Deus
é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os
homens.”. Nós não somos nada, não temos mérito por estarmos vivos, muito
menos por sermos crentes. É idiotice ficar se dividindo em grupinhos e mostrar
que “a nossa turma é melhor que a sua”. Não somos nada mais do que instrumentos
usados por Deus para o serviço de seu reino e proclamação de sua glória. A
palavra da cruz é de iniciativa, condução e execução totalmente divina e nada
pode parar sua ação quando ela atinge o coração de cada homem. A palavra da
cruz é resultado da graça e, portanto, é irresistível.
Se você discorda de tudo o que eu
falei, ou até mesmo do texto em questão. Tudo bem. É normal. Afinal de contas,
“Só os loucos sabem”.
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