Fichamento dos capítulos 1, 2 e 3 do livro A Teoria da Economia Política - Jevons

Livro: JEVONS. William Stanley. A Teoria da Economia Política. São Paulo. Ed. Nova Cultural. 1987. Capítulos 1, 2 e 3


Capítulo I


                        “A reflexão detida e a pesquisa levaram-me à opinião [...]de que o valor depende inteiramente da utilidade.” (p.29)
                        “A teoria consiste na aplicação do cálculo diferencial aos conceitos familiares de riqueza, utilidade, valor, procura, oferta, capital, juro, trabalho e todas as outras noções quantitativas pertencentes às operações cotidianas dos negócios. [...]Se, portanto, em Economia, temos que lidar com quantidades e suas complicadas relações, devemos raciocinar matematicamente; não tomamos a ciência menos matemática ao evitar os símbolos de álgebra – simplesmente nos recusamos a empregar, numa ciência muito imperfeita, que necessita de todo o tipo de auxílio, aquele aparato de sinais adequados comprovadamente indispensável em outras ciências.” (p. 30, 31)
                        “Pensam que não devemos pretender calcular a menos que tenhamos dados precisos, que nos permitirão obter uma resposta precisa para nossos cálculos; mas na realidade, não existe tal coisa enquanto ciência exata, salvo em sentido comparativo. [...]A maior ou menor acuidade numa ciência matemática é questão casual e não afeta o caráter fundamental da ciência.” (p.31)
                        “ ‘Mas onde’, talvez pergunte o leitor, ‘estão seus dados numéricos para estimar prazeres e sofrimentos na Economia Política?’ Respondo que meus dados numéricos são mais abundantes e precisos do que aqueles à disposição de qualquer outra ciência, mas que não sabemos como empregá-lo. [...] Mas é principalmente a falta de um método e de perfeição nesta vasta massa de informações que nos impede de empregá-la nas investigações científicas das leis naturais da Economia, [...]mas, assim como medimos a gravidade pelos seus efeitos sobre os movimentos de um pêndulo, também podemos estimar a igualdade ou desigualdade dos sentimentos pela decisões da mente humana.” (p. 33)
                        “[...] apenas empregamos unidades de medida em outras coisas para facilitar a compreensão de quantidades e se podemos comparar quantidades diretamente não precisamos de unidades. [...] Nunca tento estimar o prazer total obtido ao comprar uma mercadoria; a teoria apenas enuncia que, quando um homem comprou o suficiente obteria tanto prazer da posse de uma pequena quantidade adicional quanto do preço monetário desta.” (p.34)
                        “[...] verificar-se-á que a Economia Política tende a ter a ser mais dedutiva do que muitas das ciências físicas, nas quais a verificação aproximada é freqüentemente possível, mas, mesmo quando a ciência é indutiva, envolve o uso do raciocínio dedutivo, conforme explicado. [...] A ciência dedutiva da Economia deve ser comprovada e tomada útil pela ciência puramente empírica da Estatística.” (p. 37,38)
                        “A teoria que segue está baseada inteiramente sobre o cálculo do prazer e do sofrimento; e o objeto da Economia é a maximização da felicidade por meio da aquisição do prazer, equivalente ao menor custo em termos de sofrimento.” (p.38)
                        “A teoria sustenta que todas as forças que influenciam a mente do homem são os prazeres e os sofrimentos [...].” (p. 39)
                        “O cálculo da utilidade almeja suprir as necessidades ordinárias do homem ao menor custo de trabalho.” (p. 40)

Capítulo II – A Teoria do Prazer e do Sofrimento

                        “Um sentimento, seja de prazer seja de sofrimento, deve ser visto como tendo duas dimensões ou modos de variação em relação à quantidade. [...]Entretanto, em quase todos os casos a intensidade do sentimento se alterará a todo o momento. A variação incessante caracteriza nossos estados de espírito, e essa é a origem das principais dificuldades do tema. Contudo, se essas variações puderem ser de alguma forma descobertas, ou alguma abordagem do método e da lei puder ser detectada, será possível conceber a quantidade resultante de sentimento.” (p. 42)
                        “Será facilmente aceito que o sofrimento é o oposto do prazer; de forma que diminuir o sofrimento é aumentar o prazer, acrescentar sofrimento é diminuir o prazer. Assim podemos tratar o prazer e o sofrimento como as quantidades positivas e negativas são tratadas na Álgebra[...] Nosso objetivo será sempre maximizar a soma  resultante na direção do prazer, [...]. Atingiremos tal objetivo ao aceitar tudo e empreender toda ação cujo prazer resultante exceda o sofrimento que foi suportado; devemos evitar todo objetivo ou ação que altere o equilíbrio na outra direção.” (p.43)
                        “Não devemos jamais estimar o valor daquilo que pode ou não ocorrer como se fosse acontecer realmente. [...] ao escolher uma linha de ação que dependa de eventos incertos, como sempre ocorre com tudo na vida, eu deveria multiplicar a quantidade de sentimento vinculada a cada evento futuro pela fração que exprime sua probabilidade. Uma perda muito grande, mas que dificilmente ocorrerá, pode não ser tão importante quanto uma perda insignificante, porém de ocorrência quase certa.” (p.44,45)

Capítulo III – A Teoria da Utilidade

                        “Devemos entender por bem qualquer objeto, substância, ação ou serviço que é capaz de proporcionar prazer ou afastar sofrimento. [...] utilidade[...] a qualidade abstrata que torna um objeto apropriado para nossos fins, caracterizando-os como um bem. Tudo o que é capaz de gerar prazer ou sofrimento pode possuir utilidade.” (p.47)
                        “[...] a utilidade, apesar de ser uma qualidade das coisas, não é uma qualidade inerente. Define-se melhor como uma circunstância das coisas que surge da relação destas com as exigências do homem. [...] Jamais podemos, portanto, dizer de forma absoluta que determinados objetos têm utilidade e outros não. [...] As variedades de alimento mais completas e necessárias são inúteis se não houver mãos que as coletem e bocas que as comam mais cedo ou mais tarde.” (p.50)
                        “O grau de utilidade varia com a quantidade de um bem e finalmente diminui na medida em que a quantidade aumenta” (p. 54 – grifo do autor)
                        “Com precisão, não se pode dizer que a satisfação de uma necessidade mais baixa cria uma necessidade mais elevada; ela apenas permite que a necessidade mais elevada se manifeste.” (p. 54)
                        “[...] as dimensões de um bem, visto apenas como uma grandeza física, serão dimensões de massa.” (p. 58 – grifo do autor)
                        “O consumo de bens deve possuir as mesmas dimensões. Pois os bens devem ser consumidos no tempo, já que qualquer ação  ou efeito dura um tempo  maior ou menor, e um bem que for abundante por um pequeno período pode ser escasso durante um período maior. [...] Segundo essa linha de raciocínio, chegaremos á conclusão de que o tempo está presente em todas as questões econômicas. [...] Chegamos aqui à explicação do fato, que por muito tempo me intrigou, de que o elemento tempo não aparece em nenhuma parte dos diagramas e problemas da teoria que trata da utilidade e da troca. Tudo se passa no tempo e o tempo é um elemento necessário da questão; contudo ele não aparece explicitamente.” (p. 59)
                        “É muito comum, e talvez correto, chamar o ferro ou a água ou a madeira de substâncias úteis; mas por essas palavras podemos designar pelo menos três circunstâncias distintas. [...] O ferro  dos trilhos de uma estrada de ferro, o ferro que  compõe a ponte Britannia, ou um vapor oceânico, é realmente útil: o ferro que jaz na loja de um comerciante não é útil no presente, embora se espere que o seja em breve; há porém, grande quantidade de ferro existente nas entranhas da Terra que tem todas as propriedades físicas do ferro, e poderia ser útil se extraída, embora não o seja nunca. Esses são os exemplos de utilidade real, provável e potencial. [...] Tornar-se-á evidente que a utilidade potencial não entra de fato na ciência econômica, e, quando falo de utilidade simplesmente, não pretendo incluir a utilidade potencial. [...] Porém, boa parte da atividade produtiva e de sua ciência relaciona-se à utilidade provável.” (p. 61)

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