Presbíteros: Referências ou Beatos?

“Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” I Timóteo 4. 12

Conversando com uma amiga da mesma denominação que a minha, começamos a falar sobre livros. Falei que gostava muito de leitura e discorri sobre alguns livros que tinha lido e achado interessante. Neste momento ela fala:

- Poxa, eu pensei que você só lesse a Bíblia!

Achei estranho e, ao mesmo tempo, engraçado. Por que ela achava isto? Então, fui a instigando a fim de saber sobre o que ela pensava de mim em outros aspectos. E para minha surpresa, ela também tinha achado que eu nunca tinha namorado na vida! Eis então o retrato que a irmã tinha de mim: um garoto de 20 anos, cara de nerd, muito inteligente, que gostava de estudar, tirar boas notas, presbítero da igreja que só lia a bíblia e nunca tinha namorado alguém. Ótimo! Agora o que falta é por a batina, ir para um mosteiro, esperar minha morte e ser canonizado não é mesmo?

Muitas pessoas criam este tipo de imagem, principalmente daquelas que possuem algum diferencial, ou que são “referências” no meio onde vivem. O problema é que ao criar tal aspecto, criam uma distância entre a pessoa de referência e ela mesma. Exemplificando, costuma-se dizer: “Nossa ele tem um comportamento admirável. Mas eu não sou igual a ele e nunca serei.”

Paulo em nenhum momento se coloca em um altar para ser contemplado, mas coloca-se sim como um modelo a ser imitado (1 Coríntios 11.1) . Esta era a missão dos apóstolos, e continua sendo a missão dos presbíteros e líderes da igreja: ser referência. Contudo, esta referência não é para contemplação: ela tem ação prática! É colocar-se e agir da mesma maneira que o líder age.

A atitude de se fazer uma distância entre os santos e os leigos, lembra-nos algo bem católico. Porém, isto se torna cada vez mais freqüente no meio evangélico, basta olhar para os líderes de determinadas igrejas que se colocam como verdadeiros donos da verdade, portadores da revelação divina, pelos quais não podem ser contrariados. Criticamos tantos os católicos por fazerem isso com seus santos que já estão mortos, mas fazemos isso com os pecadores ainda vivos.

Eu sou presbítero, e eu sei do tamanho da responsabilidade que me cabe. Sou santo, como todos aqueles que estão em Cristo Jesus. Mas não estou um nível acima da “plebe”, não sou inatingível, não sou um ídolo!

Quando olhar para o seu líder na igreja observe-o. Aprenda com ele, ouça o que ele tem a te dizer e o respeite como tal. Mas não seja ingênuo a ponto de achar que ele está prestes a ser arrebatado. Cuidado! “Se ele não te decepcionou, ele ainda vai te decepcionar”.

ps: pra não deixar dúvidas, leio outros livros além da bíblia, e já namorei (rsrsrs)

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