Trocar de Pastor Resolve?

Desde a saída de Muricy Ramalho do comando do São Paulo Futebol Clube, Cinco técnicos passaram pela equipe paulista. O primeiro foi Ricardo Gomes, com seu estilo equilibrado e inteligente; depois Sérgio Baresi veio das categorias de base para assumir a equipe (uma aposta de risco); após ele, a diretoria surpreende e trás Paulo César Carpegiani, e após ele uma outra novidade: Adilson Batista. Nenhuma das mudanças surtiram o efeito desejado, e então, resolveram trazer um técnico que desse um “choque de 600 volts na equipe”. Foi aí que chegou Emerson Leão. Contudo, a meta de uma vaga na libertadores não se concretizou.
 
Portanto, em cerca de um ano e seis meses passaram CINCO técnicos pelo São Paulo F.C., até que uma declaração do presidente do clube, Juvenal Juvêncio, me chamou a atenção: “Trocamos de técnico, e não deu resultado. Agora vamos trocar o elenco”. Juvenal renovou com Leão e resolveu tirar alguns jogadores do elenco e trazer outros, na esperança de um time que apresente um futebol com garra, vistoso e que traga títulos ao Morumbi.

A situação do São Paulo, bem como de outros clubes de futebol, lembra bem a situação de muitas igrejas em nossos dias. Se o time não vai bem, troca-se o técnico; Se a igreja não vai bem, troca-se o pastor. Simples assim.

E por que se faz assim? No caso dos clubes de futebol é muito mais barato mexer em uma peça do que mexer em várias. Se isso acontecesse, haveria uma série quebra de contratos e multas rescisórias. Além disso, a ideia do principal responsável pelas derrotas é sempre posta na figura do técnico, e uma mudança no comandante demonstra para a torcida que a diretoria está agindo para mudar a situação de forma rápida e eficaz, colocando outra pessoa para dar “um novo espírito a equipe”.

E na igreja? O financeiro também conta, mas a situação é diferente. Pode-se trocar o pastor, mas não se pode trocar a membresia da igreja! Num sistema presbiteriano, por exemplo, nenhum conselho cogita a possibilidade de retirarmos todos os irmãos da congregação e deixarmos o pastor; mas o contrário é possível. Além disso, da mesma forma que a diretoria de futebol demonstra para a torcida, o conselho demonstra para a igreja que está preocupado com a situação da mesma e que está agindo para por “um novo ânimo”, uma nova energia na mesma.

Mas a situação do São Paulo Futebol Clube demonstra nestes dezoito meses que sucessivas mudanças de técnico só desgastam mais o planejamento feito. E a mesma coisa ocorre com várias igrejas. Sucessivas mudanças deixam mágoas, entristecem alguns membros que gostavam do pastor Fulano, e desgastam da igreja em si. A desmotivação é geral.

Agora olhemos as igrejas fortes e consolidadas como exemplos. Como sou presbiteriano, vou tomar como exemplo as igrejas presbiterianas. Uma das maiores IPB’s hoje do Brasil é a Oitava Igreja de Belo Horizonte. Tirando os métodos que eles usam e tudo mais, há quanto tempo o Rev. Jeremias Pereira está pastoreando naquela igreja? Cerca de 23 anos. Quer um exemplo do Acre? Qual a IPB mais forte aqui? A Primeira Igreja de Cruzeiro do Sul. E há quanto tempo o Rev. Joaquim Mateus está lá? Há mais de 15 anos.

As evidências mostram que a grande maioria das igrejas consolidadas são aquelas que estão com seus pastores há algum tempo. Não estou falando de quantidade somente, mas sim de uma igreja que tem uma identidade definida: ela sabe quem é, aonde quer chegar, e como fazer para chegar! E a associação entre ela e seu pastor demonstram que ambos estão em harmonia rumo a um objetivo comum.

E quanto mais vejo igrejas desanimando e trocando insistentemente de pastor, mais a ideia exposta se consolida na minha cabeça.

Não estou dizendo, contudo, que toda igreja que manter um pastor por muito tempo vai ter um aumento exponencial no número de membros e um ambiente eclesiástico agradável. Mas, que isso é um ponto-chave para que estas coisas aconteçam isso é!

Pra não ficar dizendo que defendo a manutenção incondicional do pastor da igreja, aí vai os casos em que acho melhor que o pastor saia: a) Discordância de visão: a Igreja quer seguir pelo caminho A, enquanto pastor acha melhor ir pelo caminho Z; b) Descumprimento da função pastoral: quando o pastor não “pastoreia”, isto é, quando não exerce suas funções de forma correta; c) Construção de “panelas”: quando o pastor cria um grupo de pessoas e as influencia para rivalizar com outro grupo da igreja, ou até mesmo contra o conselho. Neste último caso, o pastor causa divisão no corpo, o que também é uma inconsistência no exercício de sua função.

Quando uma igreja troca continuamente de pastor, ela está querendo, geralmente, colocar a culpa nele e em todos os que passaram pela situação em que ela está vivendo. Creio que, nesses casos, está na hora de pensarmos igual ao presidente Juvenal Juvêncio (sem necessário tomar algumas doses de uísque, é claro!). Afinal, o problema está no “técnico” ou está no “elenco” da igreja?
 
Imagem do site Força tricolor

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